Entrevista com Fagner Moreira Lima

sábado, 22 de agosto de 2009

Coletivos de Jovens


Uma história de mobilização juvenil nos territórios rurais do Sertão da Bahia

Principais Desafios

 Embora algumas entidades locais:
STR, Associações Comunitárias, Igrejas desenvolvessem atividades para os jovens (palestras, seminários, encontros etc.), não havia uma concepção de trabalho voltada para a formação da identidade política juvenil. Faltavam experiências de organização social de jovens para se auto-representar politicamente;
 Falta de acesso a processos educativos – formais e não-formais – que promovessem a construção de percepções críticas a respeito da realidade do semi-árido e seus limites, e potencialidades econômica, social, política, cultural e ambiental;
 Desconhecimento – sobretudo por parte dos próprios jovens – de alternativas e experiências geradoras de trabalho e renda, com e para a juventude, no contexto da agricultura familiar semi-árida
Perfil dos Integrantes

 A partir do Projeto Juventude e Participação Social (PJPS), em 2004, iniciou-se um trabalho formativo com jovens rurais com média de idade entre 15 e 29 anos, em sua maioria cursando o ensino fundamental e médio.
 Há uma predominância, quase absoluta, de jovens oriundos de famílias agricultoras, de baixa renda, com pequenas propriedades agrícolas, em sua maioria, desprovidos de assistência técnica e de crédito rural, e sem qualificação técnica.
 A experiência abrangeu inicialmente 20 municípios dos territórios rurais do Sisal e Bacia do Jacuípe, estendendo no final de 2004 para dois municípios do Portal do Sertão da Bahia, totalizando 22 municípios do semi-árido baiano.


Dimensões do processo de trabalho

 Primeira Dimensão: Organização Social nos Municípios.
 Realização de seminários municipais para debater a realidade da juventude rural e constituir os Coletivos Municipais de Jovens;
 Identificação e escolha – pelos próprios/ as jovens - de uma coordenação juvenil dos Coletivos Municipais de Jovens.
 Segunda Dimensão: Formação social e política dos Jovens
 Capacitação dos/ as coordenadores/ as juvenis sobre temáticas de cidadania, políticas públicas, convivência com o semi-árido, cooperativismo, associativismo, desenvolvimento local e territorial sustentável, programas governamentais de apoio à juventude e à agricultura familiar, relações sociais de gênero, economia solidária, planejamento estratégico, metodologia de trabalho com juventude

Segunda Dimensão: Formação social e política dos Jovens

 Capacitação dos Coletivos de Jovens, realizadas pelas coordenações juvenis e pela assessoria técnica do MOC e de outras entidades parceiras.
Dimensões do processo de trabalho
 Terceira Dimensão: Organização Regional dos Jovens
Formação e organização do Coletivo Regional de Jovens dos territórios rurais, a partir de representante da coordenação juvenil municipal.
Quarta Dimensão: Intercâmbios Juvenis
 Visitas e encontros para troca de experiências e saberes de trabalho com juventudes rurais e urbanas, dentro do semi-árido baiano e em outros estados.
Quinta Dimensão: Intercâmbios Juvenis
 Surgimento e fortalecimento de iniciativas autônomas dos Coletivos de Jovens para influenciar as agendas institucionais das entidades parceiras locais e os espaços de definição das políticas públicas de desenvolvimento da região.
O impacto das experiências dos Coletivos de Jovens
Dimensão de Juventude

 22 Coletivos de Jovens constituídos e desenvolvendo ações que envolvem mais de 1.500 jovens - direta e indiretamente;
 Jovens construindo projetos de vida voltados para permanência no meio rural e na agricultura familiar;
 Jovens acessando programas governamentais de apoio à juventude na agricultura familiar (Pronaf Jovem, Consórcio Social da Juventude Rural – Aliança com Jovens, Nossa Primeira Terra);
 Jovens ocupando estrategicamente oportunidades de geração de trabalho e renda nas entidades da sociedade civil e poder público, através de convite ou seleção pública.
Dimensão de Juventude
 Jovens ingressando o ensino superior com perspectiva de contribuir para o desenvolvimento dos territórios rurais;
 Criação de Conselhos Municipais de Juventude (Retirolândia, Valente, Quixabeira, Conceição do Coité, São Domingos);
 Coletivos de Jovens elaborando e negociando projetos produtivos e sociais voltados para qualificação técnica de jovens e geração de trabalho e renda agrícolas e não-agrícolas para jovens;
 Produção de peças teatrais, programas de rádio e outros veículos de comunicação de iniciativa dos Coletivos de Jovens;
 Criação de experiências de institucionalização dos Coletivos Municipais de Jovens (Tucano e Antônio Cardoso).
Dimensão político-institucional:
 Lideranças dos Coletivos de Jovens ocupando estrategicamente cargos de diretoria das entidades sindicais, associações e cooperativas, bem como os espaços políticos de definição das políticas públicas (Conselhos Setoriais), numa dimensão de identidade juvenil;
 Fortalecimento e criação de experiências de secretarias ou departamentos de juventude nos Sindicatos, Pólos Sindicais e Associações e COGEFUR;
 Influência e participação em projetos institucionais voltados para a agricultura familiar e desenvolvimento sustentável dos municípios e territórios;
 Debates públicos com os candidatos a prefeito e a vereador para conhecimento dos programas de candidatura e proposição de iniciativas voltadas para o desenvolvimento sustentável e inclusão social da juventude rural, em 2004;
 Iniciativas de elaboração e negociação de propostas setoriais para a juventude no orçamento público e na lei orgânica municipal (a exemplo do Cursinho pré-vestibular para jovens negros e rurais, projetos voltados para o desenvolvimento sustentável dos municípios).
Aprendizagens Coletivas:
 Ruptura com o “paternalismo e tutela institucional”: reconhecer e considerar o jovem como ator político (ou seja, com identidade política própria - definida e/ ou em construção), que tem demandas e propostas próprias a serem respeitadas na intervenção institucional. Contribuir para a construção de espaços para prática de autonomia da juventude.
 Respeito às diferentes identidades juvenis: identificar e considerar aspectos e estilos próprios de participação, linguagem e expressão dos jovens. Ou seja, uma permanente percepção e prática de flexibilidade em relação às nuances das identidades juvenis no processo de trabalho. O jovem rural não é só agricultor!
 Paciência Pedagógica: Postura de respeito e compreensão acerca das identidades e níveis do envolvimento e participação dos jovens na condução do processo de trabalho.
 Reconhecimento do jovem como sujeito portador/ produtor de conhecimento sobre e para a sua realidade social.
 Fazer com o jovem: Participação efetiva dos jovens na concepção, planejamento, execução, apropriação e avaliação dos resultados das ações desenvolvidas.
 Concepção educativa centrada na cidadania integral dos jovens: Há maioria dos programas de qualificação de jovens se volta apenas para a inserção no mercado de trabalho, preconizando exclusivamente o direito ao emprego ou trabalho. Enquanto, a juventude rural apresenta diversas demandas sociais efetivas relacionadas a direitos sociais, sexuais, econômicos, políticos, culturais...
Desafios atuais:

 Inserir as demandas e proposta setoriais da juventude dos territórios rurais nos Conselhos Regionais de Desenvolvimento Sustentável da Região (CODES Sisal, Bacia do Jacuípe e Portal do Sertão) e nas Conferências de Juventude;
 Consolidar a concepção de trabalho de juventude dos Coletivos de Jovens nas entidades sindicais dos territórios;
 Implementar, juntamente com o MOC e entidades parceiras locais, uma pesquisa sobre alimentação escolar em 330 escolas da rede pública municipal dos territórios rurais do Sisal, Bacia do Jacuípe e Portal do Sertão da Bahia.
 Garantir a sustentabilidade do Coletivo Regional Juventude e Participação Social e manter a referência para a promoção de iniciativas voltadas para a cidadania juvenil, na perspectiva do desenvolvimento sustentável.
Abrangência dos Coletivos de Jovens:
 Território Sisal: Araci, Candeal, Cansanção, Conceição do Coité, Ichu, Nordestina, Queimadas, Quijingue, Retirolândia, São Domingos, Santa Luz, Serrinha, Tucano e Valente;
 Território Bacia do Jacuípe: Capela do Alto Alegre, Capim Grosso, Nova Fátima, Pé de Serra, Riachão do Jacuípe e Quixabeira.
 Território Portal do Sertão: Antônio Cardoso e Irará.
Replicação: Município de Santo Antônio de Jesus (BA) – Coletivos de Jovens Urbanos e Rurais.

Coletivos de Jovens
“Podemos não ser toda a mudança que o mundo precisa,
Mas sem dúvida, somos parte dela”.
Givaldo Souza

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